Usuário:Marcus Diego de Almeida e Silva

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A Dança na Educação Física

O corpo era somente visto como conjunto de ossos e músculos e não expressão da cultura; o esporte era apenas passatempo ou atividade que visava ao rendimento atlético e não fenômeno político; a educação física era vista como área exclusivamente biológica e não como uma área que pode ser explicada pelas ciências humanas (DAOLIO, 2004).

Quando pensamos em Educação Física, pensamos logo em esportes, competições, atividades recreativas... nossos avós falam em ginástica, já alguns alunos na atualidade falam em professores “rola bola”. Dentro de um mundo de possibilidades de trabalho, muitos profissionais se perdem, gerando para a disciplina uma grande crise de identidade e de foco de trabalho. De acordo com Daolio (2004), o profissional de Educação Física não resume sua atuação apenas no corpo ou no mesmo em movimento, não tem só o esporte como conteúdo, não se prende a ginástica. Ele cuida do ser humano nas suas manifestações culturais relacionadas ao corpo e ao movimento humano, historicamente definidas como jogo, esporte, dança, luta e ginástica.

Todos esses conteúdos de certa forma já estão presentes em nossas vidas, cabe ao profissional ao invés de “rolar a bola”, desenvolver nos alunos um espírito reflexivo. No dia a dia vemos claramente e explicitamente reflexos competitivos (grande característica do esporte ou até mesmo do jogo), viver no meio do capitalismo é uma grande maratona, onde a “LUTA” para se manter em uma boa condição social acaba se transformando em uma grande “GINÁSTICA”. E a dança? Temos tempo para dançar? Será que podemos considerar a dança como todo esse movimento de sobrevivência? Observa-se que o profissional, assim como toda a população, se encontra em um mundo cada vez mais concorrido, veloz, ágil e impaciente, e isto acaba refletindo no estilo de vida que se leva (inclusive nas aulas). Com este estilo de vida tão atribulado, sobra pouco tempo para se realizar as atividades mais simples. Enfim, não se pode perder tempo! E nessa dinâmica, sobra pouco tempo para resolvermos todas as “tarefas”, sejam elas de ordem pessoal ou profissional. Com isto, acaba-se constantemente comentando-se: “vive-se uma vida muito corrida”, “não se tem tempo para fazer nada”, dessa forma, a vida anda cheia de obrigações e compromissos, deixando-se pouco tempo para valorizar ”coisas” simples do cotidiano (MARÇAL, 2006).

Infelizmente nossas crianças também são influenciadas por esse grande mundo acelerado em que vivemos (claro que em menor escala). Dentro deste contexto a Educação Física deve possibilitar com que seus alunos estejam preparados para dialogar com a sua realidade e não correrem o risco de serem transformados em pacientes das forças externas (forças do próprio mundo globalizado, incluindo mídia entre outras) . A Educação Física, apesar de ser uma atividade essencialmente prática, pode oferecer oportunidades para a formação do homem consciente, crítico, sensível à realidade que o envolve. (OLIVEIRA, 2004).

Provavelmente já cansamos de ouvir: “Temos que preparar nossos alunos para o mundo lá fora, para o mercado”. Sendo discordante do sentido direto desta frase, a Educação Física deve possibilitar ao aluno que o mesmo seja capaz de dialogar com o mundo e não adaptar-se a ele. As escolas e os meios de comunicação quase sempre trabalham para produzir - como numa fábrica - indivíduos "adaptados" à sociedade a que pertencem. As pessoas são formadas (ou deformadas) para exibir um perfil dependente, acrítico e submisso. O restabelecimento dos laços que identificam o homem com a sociedade implica, inicialmente, a identificação deste homem consigo mesmo. A Educação Física pode participar neste processo, criando ambientes favoráveis para alguém tornar-se, realmente, pessoa (OLIVEIRA, 2004, p.42).

Sabe-se que a disciplina (EFI) entrou no âmbito escolar após a realização de estudos que comprovaram a atividade física como grande estimuladora para melhor desempenho no aprendizado dos alunos. Isso não quer dizer que qualquer atividade física é o suficiente para se chegar a esse objetivo.

É preciso que os exercícios físicos não sejam fruto da pura imitação mecânica (se não estarão contribuindo com as tendências negativas do mundo acelerado em que se vive [falta de tempo, competição...]); só assim a Educação Física passará a estimular a inteligência, não embrutecendo o indivíduo. É importante que as pessoas se movimentem tendo consciência de todos os seus gestos. Precisam estar pensando e sentindo o que realizam. É necessário que tenham a "sensação de si mesmos", proporcionada pelo seu sentido cinestésico (propriocepção), normalmente desprezado. Caso contrário, estaremos diante da "deseducação física" (OLIVEIRA, 2004). E nada melhor do que a dança para trabalhar todas essas relações de corpo, mente, tempo e espaço, dando aos alunos toda a consciência de si mesmos, e ao profissional outros viés de trabalho, contextualizando suas aulas com um mundo concreto, real e pouco explorado que é o da expressão de idéias por meio do corpo em movimento.

Portanto, qualquer ação do sujeito é parte do mundo e reflete esse mundo a partir de suas abstrações e construções corporais/mentais. Essas imagens são parte dele, portanto o seu sentir é real e concreto (CHAVES, 2002).

Acompanhando o processo evolutivo da educação, principalmente com as idéias de Paulo Freire, o aluno deixa de ser apenas um “pote” receptor de saber e passa a interagir com o mundo. A Educação Física na escola também acompanha essa evolução quando abre mão de um caráter mecanicista, no entanto peca quando se resume apenas nos desportos coletivos e raramente no trabalho de esportes individuais. Embora os documentos oficiais (PCN), propõem uma perspectiva mais ampla de Educação Física, pôde-se perceber nos estágios supervisionados que na esfera prática a evolução ainda não aconteceu. Perante essa deficiência têm-se várias saídas que podem resolver ou amenizar esse “problema”, dentre muitas que se pode refletir, destaca-se a dança na Educação Física.

Referências Bibliográficas

BRASIL - MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Educação física Brasília: MEC/ SEF, 1997.

CHAVES. A dança: uma estratégia para revelação e reelaboração do corpo no ensino público fundamental. 2002. Dissertação (Mestrado em artes cênicas) – Escola de Dança e Escola de Teatro, Universidade Federal da Bahia, Salvador - BA, 2002.

DAOLIO, Jocimar. Educação Física e o conceito de cultura. Associados de Autores, Campinas – SP, 2004.

MARÇAL, J. MATERIAL DE APOIO PEDAGÓGICO. Educação Física. Curitiba, SEED – PR, 2006. OLIVEIRA, M.V. O que é Educação Física. Brasiliense 4ª reimpressão, São Paulo – SP, 2004.

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