Movimento Autêntico

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Os lugares de testemunha e movedor, eventualmente, podem ser alternados numa mesma sessão de movimento autêntico. Dessa forma é possível ter uma experiência ainda mais rica de auto-conhecimento e de relação com o outro. Passado um tempo, que normalmente é também pré-estabelecido entre os participantes (movedor, testemunha e facilitador) no início do trabalho, um outro sinal  
Os lugares de testemunha e movedor, eventualmente, podem ser alternados numa mesma sessão de movimento autêntico. Dessa forma é possível ter uma experiência ainda mais rica de auto-conhecimento e de relação com o outro. Passado um tempo, que normalmente é também pré-estabelecido entre os participantes (movedor, testemunha e facilitador) no início do trabalho, um outro sinal  
sonoro indica o final da sessão. A prática pode acontecer em algumas sessões curtas de tempo, ou num tempo mais estendido. Ao final, abre-se espaço para o testemunho verbal. Participantes podem colocar observações e sensações, seguindo a mesma lógica do não-julgamento.
sonoro indica o final da sessão. A prática pode acontecer em algumas sessões curtas de tempo, ou num tempo mais estendido. Ao final, abre-se espaço para o testemunho verbal. Participantes podem colocar observações e sensações, seguindo a mesma lógica do não-julgamento.
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<small>1. Dinâmica descrita com base na experiência prática com Soraya Jorge.</small>

Edição de 17h01min de 23 de maio de 2011

"O movimento autêntico é uma abordagem da Educação Somática que tem como objetivo desenvolver 
uma escuta apurada dos impulsos corporais, explorando uma interrogação: 'o que me leva a
mover?'. Pode ser um pensamento, uma sensação, um desejo, um som, uma memória, uma voz interna
ou externa. Seu objetivo é propiciar um contato com estes impulsos para que, conscientemente,
se possa expressá-los ou contê-los. À medida que a pessoa vai escutando sua própria corrente
de movimento interno e constante contato com externo, vai se apropriando melhor das relações
que estabelece consigo e com o mundo, alimentando o fluxo vital que percorre seu corpo e
estabelecendo novas e mutantes relações entre o dentro e fora, seu corpo e o mundo, seu corpo
e outros corpos."(Soraya Jorge, introdutora da prática no Brasil)


Histórico:

Mary Whitehouse (dançarina e analista Junguiana) criou o método originalmente denominado “Movimento em Profundidade”, com raízes na dança, estudos junguianos e em seu trabalho pioneiro em Dança Terapia (1950). Baseando-se no conceito Junguiano da Imaginação Ativa, Mary Whitehouse observou conteúdo simbólico no ato físico.


Segundo Soraya Jorge, em seu texto de apresentação sobre o Movimento Autêntico, os estudos de Mary Whitehouse estavam baseados na Dança Moderna, na Psicologia Junguiana, e na Consciência Corporal e Improvisação. Para ela, trilhar esse caminho da consciência corporal era a habilidade de fazer conexões. "Quando escolho um caminho, um movimento, o oposto está presente criando conflito, tensão. A dança traz em si os opostos: aberto/fechado, estreito/largo, alto/baixo, pesado/leve. Por isso a dança é um veículo perfeito para a expressão, porque ela traz em si a polarização, a tensão e conseqüentemente o relaxamento." (idem)


Janet Adler é a pessoa responsável pela sistematização de uma metodologia na prática de Movimento Autêntico, nome dado por ela. Em 1969, com 28 anos, Janet Adler teve a oportunidade de experenciar o trabalho de Mary Whitehouse. Dança Terapeuta, Ph.D em Estudos Místicos, fundou o Instituto Mary Starks Whitehouse, a primeira escola devota em estudar e praticar o Movimento Autêntico. Nessa mesma época Janet Adler conheceu o trabalho de John Weir, estudioso da Psicologia da linhagem de Freud, Wilhelm Reich, Carl Roger. Um mestre nos estudos somáticos, em relações interpessoais e psicodinâmicas grupais. O centro do aprendizado de Janet com John foi a consciência da testemunha e com Mary, a consciência do movedor.


O Conceito:

O Movimento Autêntico explora a relação entre a pessoa que move (Mover) e a pessoa que testemunha (Witness). Explora a relação de ver e ser visto. No processo de ser visto pelo outro, a pessoa começa a SE ver. Um terceiro componente surge nessa relação – a testemunha interna (Internal Witness) – ver o outro como ele é, me ver como sou. Com os olhos fechados, a pessoa que move, escuta seu interior e descobre o movimento que surge de uma motivação oculta, de um impulso celular.


Janet Adler também desenvolveu uma maneira única, particular, de compartilhar verbalmente as experiências vividas pela pessoa que move e pela pessoa que testemunha. A testemunha acolhe a pessoa que move sem análises ou interpretações oferecendo conteúdo verbal somente se o movedor desejar.


Esta é uma oportunidade para a vivência de:


A Prática 1:

O Movimento Autêntico pode ser realizado em grupo, trios, duplas ou sozinho. Sempre com a presença de um facilitador, alguém que já possui experiência nesta prática. O facilitador é também uma testemunha, mas não necessariamente a única. O exercício se constitui num fechar de olhos para escutar a voz interna do corpo, o movimento celular que se espande para todo corpo, a faísca que gera o movimento.


A um efeito sonoro, o movedor fecha os olhos e adentra o "espaço", que pode ser uma roda de pessoas no caso do trabalho em grupo, ou uma limitação física, por exemplo as paredes de uma sala. O importante é que esse espaço é estabelecido e apreciado pelos participantes antes de se iniciar a prática. A orientação dada pelo facilitador ao movedor é deixar que o movimento surja, não forçar um movimento, não que isso seja proíbido, o método é bastante libertário nesse aspecto, não há proíbido. Mas ao sermos surpreendidos pelo nosso próprio movimento, inesperado, não programado, conseguimos sair de padrões corporais já arraigados. É no inusitado, no não-mecânico, que temos maior possibilidade de auto-conhecimento. Nas palavras de Soraya: "Estamos em círculo e antes de iniciarmos ou fecharmos o movimento, testemunhamos o espaço vazio. O círculo se fortalece, com cada indivíduo testemunhando o círculo “vazio”.(idem)


A testemunha nada mais é que um movedor que observa. São lugares distintos, o de movedor e o de testemunha, mas nenhum deles é estático. A testemunha, que não está no "espaço" de movimento, observa sem julgar o movedor. Nesse exercício de testemunhar, com a premissa do não-julgamento, a testemunha afasta de si esteriótipos e preconceitos. Abre assim, um diálogo consigo mesmo. É testemunha de si também.


Os lugares de testemunha e movedor, eventualmente, podem ser alternados numa mesma sessão de movimento autêntico. Dessa forma é possível ter uma experiência ainda mais rica de auto-conhecimento e de relação com o outro. Passado um tempo, que normalmente é também pré-estabelecido entre os participantes (movedor, testemunha e facilitador) no início do trabalho, um outro sinal sonoro indica o final da sessão. A prática pode acontecer em algumas sessões curtas de tempo, ou num tempo mais estendido. Ao final, abre-se espaço para o testemunho verbal. Participantes podem colocar observações e sensações, seguindo a mesma lógica do não-julgamento.


1. Dinâmica descrita com base na experiência prática com Soraya Jorge.

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