Cia. de Arte Andanças
De Wikidanca
Companhia da Arte Andanças surgiu em 1991 e investiu na sua pesquisa de linguagem, intinerando por várias salas e espaços, permutando serviços, a fim de conseguir um espaço para ensaios; apostou pela primeira vez numa sede própria em 1994, ao abrir a Escola da Arte Andanças, que funcionou até 1996. A intinerância teve seu curso suspenso desde 1999, quando passa a sediar-se no Alpendre – Casa de Arte, Pesquisa e Produção, dividindo espaço, tempo e inquietações com outros artistas interessados na arte contemporânea, constituindo um novo espaço de encontro. Além das informações técnicas pertinentes à dança, especificamente, inicia-se um processo intenso de troca e produção com as Artes Plásticas, o Vídeo, a Literatura e a Fotografia.
No Alpendre, responsável pelo núcleo de dança, o trabalho da Cia ganha novos traços. Novos espetáculos são montados, cada vez mais na interface com outras linguagens– A Dança de Clarice (2000); Furdunço (2001); Vagarezas e Súbitos Chegares (2001); O Tempo da Delicadeza (2002), trabalho premiado pela Bolsa Vitae de Artes, que gerou o espetáculo e um vídeo-dança, realizado pelo vídeomaker Alexandre Veras; O Tempo da Paixão ou O Desejo é um lago azul (2005), livremente inspirado na obra do artista plástico Leonilson; Os Tempos (2008).
Em 2005, a Cia conclui, junto com os pesquisadores do núcleo, o projeto Interferência: San Pedro, pesquisa trabalhada na interface entre as linguagens da Dança, da Literatura e do Vídeo, que resultou na produção de mais um vídeo-dança (San Pedro), de um vídeo documentário (Um navio à deriva) – ambos exibidos na TVC – e numa publicação do Núcleo, a revista Interferência: San Pedro. Em 2006, com o prêmio Klauss Vianna, a Cia consegue manter uma série de atividades de formação, ao longo de seis meses: disponibilização de acervo, aulas gratuitas para atores e bailarinos, curso e mostra de vídeo-dança, encontros com coreógrafos e artistas (Projeto Entrelugares).
O projeto Tecido Afetivo – por uma dramaturgia do encontro teve por fim – ou começo! – a realização de um encontro. Ao longo de 18 anos de trabalho (dez deles vividos intensamente na experiência compartilhada do Alpendre), cada vez mais reafirmam a importância do encontro em nossa prática artística, procedimento fundante de campos de forças, na arte e na vida.
Atentos a diluição das fronteiras, entre linguagens e entre instâncias (arte e vida, por exemplo), interessa-lhes refletir com mais sistematicidade sobre a relevância dos modos de vida na constituição dos processos criativos, e, mais especificamente, no tecido dramatúrgico das obras cênicas e performáticas. O projeto se propôs a convidar 15 artistas e/ou pesquisadores de diferentes locais do Brasil, da área da dança e da performance, para uma co-habitação coletiva de 5 dias no Ceará, a fim de conversarem e aproximarem inquietações sobre dramaturgia. Dela participaram também, além os integrantes da Cia da Arte Andanças, alguns artistas/pesquisadores cearenses. A experiência ganhará novos desdobramentos, a partir de seu registro: a confecção de um site, a realização de um documentário, e a publicação de uma revista, contendo trechos dos diários de bordo do encontro.
Atualmente, ainda habitam o Alpendre, junto com outros artistas e grupos.